Esclareça aquilo que importa e o plano de entrega com o Diagrama de Entendimento de Contexto
- Marcelo Gomes Correia

- 1 de mai. de 2021
- 4 min de leitura

Há um tempo atrás, enquanto acompanhava o meu time de desenvolvimento, percebi que algumas informações não estavam claras suficientes para fazermos uma estimativa inicial e, em seguida, iniciássemos o desenvolvimento de uma solução.
Depois de pensar um pouco, propus ao time a utilização de um canvas, ao qual denominei de Canvas de Entendimento de Contexto.
Os mais experientes (para não dizer mais velhos...porque não somos velhos), assim como eu, utilizavam o DCO (Diagrama de Contexto) e o DFD (Diagrama de Fluxo de Dados) para iniciar o desenho de uma solução de desenvolvimento de sistemas. Na minha visão, podemos (e precisamos) utilizar todos os nossos conhecimentos que adquirimos e adaptá-los em uma nova abordagem e, porque não, de uma forma mais ágil. Essa é a proposta do Canvas de Entendimento de Contexto.
O Canvas de Entendimento de Contexto permite abstrairmos as ideias para concretizarmos uma entrega específica e de uma forma mais ampla. Apesar de não substituir os Épicos e nem as Históricas, permite cobrirmos um gap entre o Upstream e o Downstream. Com isso, criamos o futuro, em forma de planejamento, daquilo que entendemos. Também, permite que dominemos o questionamento, uma vez que é uma atitude primordial para a definição de uma imagem mais rica da solução que será desenvolvida.
O Canvas de Entendimento de Contexto utiliza conceitos de Design Thinking (Diamante Duplo, colaboração) e cria uma alinhamento entre todos, promovendo um entendimento harmônico das visões de todos aqueles que estão envolvidos em uma inicitativa.
A estrutura do Canvas de Entendimento de Contexto foi criada para que a comunicação entre as partes envolvidas seja fluida, como uma conversa. Outro ponto importante é que a colaboração é essencial. Ou seja, todos juntos em uma única conversa. Se cada seção do Canvas for preenchida pelas pessoas de forma isolada, o objetivo final (que é o entendimento do contexto da solução de todos os envolvidos) não será atingido.
O Canvas de Entendimento de Contexto é segmentado em três grandes áreas, utilizando a técnica do Diamante Duplo (Convergir, Divergir, Convergir, Divergir).
A área da NECESSIDADE (Convergir para uma necessidade)
O objetivo dessa área é obtermos, de forma sucinta, aquilo que o nosso stakeholder (área de negócio, PO ou cliente) está nos pedindo e o quê ele quer de resultado. Por isso, a área da NECESSIDADE está dividida em duas seções.
A seção "Estou pedindo..." deverá ser preenchida aquilo que se deseja (O QUÊ). Por exemplo, a parte interessada pode estar pedindo "uma área nova no aplicativo que permita ao cliente realizar e acompanhar seus investimentos em produtos financeiros do banco". Outro exemplo seria "incluir na área de aplicação financeiras a possibilidade do cliente investir em CDB". Mais um exemplo, seria "um dashboard que permita à área de negócios de Investimentos acompanhar, em tempo real, o volume de aplicações financeiras que estão sendo realizadas pelos clientes".
A seção "Que resultará em..." deverá ser preenchida com aquilo que se deseja como resultado do pedido solicitado. Por exemplo, "aumento de 20% do volume de aplicações nos próximos 6 meses". Outro exemplo seria "redução de R$ 100k nos custos operacionais da área". É importante que que seja utilizada palavras-chaves como "aumento", "redução", "melhora" etc. Igualmente importante, é que seja informado um valor como meta. se a frase possuir um termo que identifique um prazo, seria muito bom. Mas, não é obrigatório.
Uma forma muito interessante de escrever na seção "Que resultará em..." seria utilizando a técnica SMART-C.
A área do PLANO DE AÇÃO (Divergir para o plano)
O objetivo dessa área é fazer com que, em uma visão macro, todos possam entender qual o plano de ação (ou estratégia) que será utilizada para realizar a entrega daquilo que está sendo pedido. E assim, ela também está dividida em seções.
A seção "Para isso vamos...", em que o time identifica aquilo que deverá ser feito (pense em grandes tarefas ou atividades, que posteriormente no Downstream poderão ser transformadas em histórias);
A seção "Assumindo que", onde são registradas as pressuposições (ou premissas) que o time está assumindo para entregar a solução;
A seção "Precisamos tomar cuidado com...", que são aqueles itens que o time deverá ter cuidado e que, de uma forma ou de outra, poderá atrapalhar o andamento do desenvolvimento;
A seção "Não podemos esquecer de...", onde registra-se aquelas coisas que o time não pode esquecer ao longo da jornada de desenvolvimento;
A seção "Precisamos falar com...", onde identifica-se outras áreas, grupos de pessoas ou organizações com quem deverão interagir e
A seção "E não faremos...", onde registra-se tudo aquilo que o time não fará (aquilo que será excluído do escopo de entrega).
A área ENTREGA (Convergir para as entregas)
O objetivo da área de entrega é identificar, de forma macro, aquilo que deverá ser entregue para que o resultado seja atingido. Essa área está dividida em duas seções.
A seção "Entregaremos...", onde o time identifica aquilo que será entregue como àquele que fez o pedido. Pode ser um micro serviço, um aplicativo móvel, uma funcionalidades de um sistema, funcionalidades de um app, relatórios, dashboards etc. Ou seja, todas as entregas resultantes do plano de ação.
A seção "Porém, isso ficará para depois", onde serão registrados aquilo que, por algum motivo, não será entregue naquele momento. Às vezes, temos uma data de restrição (p. ex. uma data regulatória do BACEN) e nem todas as entregas pedidas cabem na janela de desenvolvimento. Então, separamos aquilo que será entregue depois da data imposta. Por exemplo, podemos deixar um relatório para ser entregue em outro momento.
Faça um teste.
Utilize o Canvas de Entendimento de Contexto com o seu time e dê o seu feedback.
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Entre em contato no endereço celogomescorreia@gmail.com.
Abraços.



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